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segunda-feira, 8 de março de 2010

"O espelho é a nova submissão feminina"-Mary Del Priore

Autora de 25 livros, inclusive “História das Mulheres no Brasil”. Mary, 57 anos, diz que a revolução feminista do século XX também trouxe armadilhas, em entrevista a revista ISTOÉ. "Na semana do Dia Internacional da Mulher, a historiadora afirma que as brasileiras são apáticas, machistas e escravas da ditadura da beleza"

ISTOÉ:Neste 8 de março, há motivos para festejar?

Mary Del Priore - Não tenho nenhuma vontade. O diagnóstico das revoluções femininas do século XX é ambíguo. Ele aponta para conquistas, mas também para armadilhas. No campo da aparência, da sexualidade, do trabalho e da família houve benefícios, mas também frustrações. A tirania da perfeição física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação. Ela precisa se identificar com o que vê na mídia. A revolução sexual eclipsou-se diante dos riscos da Aids. A profissionalização, se trouxe independência, também acarretou stress, fadiga e exaustão. A desestruturação familiar onerou os dependentes mais indefesos, os filhos.

ISTOÉ:Por que é tão difícil sobreviver a essas conquistas?

Mary Del Priore - Ocupando cada vez mais postos de trabalho, a mulher se vê na obrigação de buscar o equilíbrio entre o público e o privado. A tarefa não é fácil. O modelo que lhe foi oferecido era o masculino. Mas a executiva de saias não deu certo. São inúmeros os sacrifícios e as dificuldades da mulher quando ela concilia seus papéis familiares e profissionais. Ela é obrigada a utilizar estratégias complicadas para dar conta do que os sociólogos chamam de “dobradinha infernal”. A carga mental, o trabalho doméstico e a educação dos filhos são mais pesados para ela do que para ele. Ao investir na carreira, ela hipoteca sua vida familiar ou sacrifica seu tempo livre para o prazer. Depressão e isolamento se combinam num coquetel regado a botox.

ISTOÉ: Que a sra. pensa das brasileiras na política?

Mary Del Priore - Elas roubam igual, gastam cartão corporativo igual, mentem igual, fingem igual. Enfim, são tão cínicas quanto nossos políticos. Mensalões, mensalinhos, dossiês de todo tipo, falcatruas de todos os tamanhos, elas estão em todos!
Por que as políticas brasileiras não têm agenda voltada para as mulheres?


ISTOÉ:Por que o feminismo não pegou no Brasil?

Mary Del Priore - Apesar das conquistas na vida pública e privada, as mulheres continuam marcadas por formas arcaicas de pensar. E é em casa que elas alimentam o machismo, quando as mães protegem os filhos que agridem mulheres e não os deixam lavar a louça ou arrumar o quarto. Há mulheres, ainda, que cultivam o mito da virilidade. Gostam de se mostrar frágeis e serem chamadas de chuchuzinho ou gostosona, tudo o que seja convite a comer. Há uma desvalorização grosseira das conquistas das mulheres, por elas mesmas. Esse comportamento contribui para um grande fosso entre os sexos, mostrando que o machismo está enraizado. E que é provavelmente em casa que jovens como os alunos da Uniban aprenderam a “jogar a primeira pedra” (na aluna Geisy Arruda).

ISTOÉ: que as mulheres do século XXI devem almejar?

Mary Del Priore - O de sempre: a felicidade. Só com educação e consciência seremos capazes de nos compreender e de definir nossa identidade.

veja a entrevista completa acesse o link:

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